segunda-feira, 7 de abril de 2014

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas...???


17/03/2014 – Terça-Feira

Então eu resolvi colocar um fim nessa história para começar uma nova etapa da minha vida com minha filha, sem viver esse inferno. 

A tentativa de mudança tbm trás sofrimento pela aceitação... O desapego. 
E em matéria de mudanças eu sou péssima pois vivo tentando resisti-la.  
Fico lá e aqui, ao mesmo tempo que não quero eu falo com ele, não dou as costas, até porque parece um peso a responsabilidade da vida dele em mim.

Nessa madrugada não conseguia mais parar de chorar. Parecia não ter fim.

Entrei em crise depois que ele me ligou me dizendo que não iria conseguir se levantar sozinho (oq eu já sabia, mas queria acreditar o contrário), que tinha saudades da nossa filha e queria ter sua família de volta, que ele conseguiu estragar tudo em um dia,
que a droga sempre acaba por o vencer, que era deprimente chegar em uma casa vazia, não encontrar ninguém e ficava arrasado acabando por usar novamente como fuga. Disse tbm que iria procurar um internamento, que ele pretendia ficar lá por um bom tempo e depois da alta continuar como voluntário, que faria curso para tratamento de dep. químicos e desistiria da sua carreira na mecatrônica, se fosse para se manter limpo, afastado das drogas.

Fui fria e severa. 
Quando eu falo com ele tento não demonstrar minha dor, até pq minha raiva acaba se sobressaindo. Tento passar força para que se erga. Eu disse que não acreditava que ele pudesse sentir saudades e que nos amava, pq se fosse, iria correr atrás do prejuízo e não se entregaria. Chegou a hora de PROVAR que pode, que nos ama de verdade. 

As atitudes valem mais que palavras. Cansei de promessas. 

Falei para levantar a cabeça e então que procurasse ajuda, se internar, que eu não podia escolher por ele, mas que fosse forte, se não por ele mesmo, pela sua filha, pois ainda é o pai dela e sempre será. Disse que sentia por ela ter um pai como ele é. Pq ela o ama e não entende. Ela pergunta por ele todos os dias, fica procurando pela casa.
Ela não merecia!

Na verdade, eu sei q é realmente muito difícil essa fase de abstinência e a vontade de usar droga é maior que tudo e que nessas condições ele precisa mesmo de um acompanhamento médico, especializado, para sair desse ciclo. Ao mesmo tempo não entendo como alguém pode abrir mão do conforto, da família, da vida por drogas...

20/03/2014
Hoje faz 6 dias que ele recaiu e como sempre é quando menos se espera, pois depois que ele saiu da clinica, onde esteve internado por 45 dias, ficou mais 48 limpo em casa, estava tudo indo maravilhosamente bem. Eu me mudei recebi ele na nossa nova casa ele arrumou um emprego fazia 2 semanas, me ajudava nos afazeres domésticos e com a bebê. Tinha planos de voltar a estudar no próximo semestre, e, de vez em quando lembrávamos da maldita e do sofrimento que ela trazia.

Por esses dias eu falei para ele que era um milagre que estivesse ali, tão bem. Não conseguia acreditar que meses atrás estava usando drogas. Parecia tão longe...

Ele respondeu: 

"Drogas nunca mais, agora é correr atrás do prejuízo, já perdi muito tempo nessa ilusão, já estou com 28 anos e não tenho nada na vida por causa disso. Quero estudar, dar melhores condições para vocês. Eu já devia ter um carro bom, ter terminado a faculdade mas as drogas me impediram disso. Fico frustrado quando lembro como me prejudiquei, não consigo acreditar como pude me deixar levar ao ponto de trocar minhas próprias roupas. Graças a Deus eu tenho vocês, se não poderia ter morrido nessa já."

Ele me dizia isso totalmente arrependido, via nos olhos dele a vontade que tinha de conseguir vencer e levar uma vida normal.

O mais difícil é acreditar que alguém que fala isso, que passou 45 dias fechado sem nem poder ligar, recebendo visita somente de 14 em 14 dias,  que sofreu de saudade, sofreu por perder todos seus pertences a troco de nada, pq que depois do prazer que ela proporciona vem a depressão profunda e o vazio.

Ao contrário do que se pensa, é a DROGA que usa a pessoa, depois que vicia, ela vem o USA e depois deixa aos trapos.

Alguém que fala tudo isso em plena consciência e volta a usar droga?

É complicado, pq eu sei que ele não queria mesmo, o que ele disse é de fato, verdadeiro, mas ao mesmo tempo a fraqueza o faz recair, a vontade de usar é maior que tudo.

Pela milésimaa vez eu acreditei que ele mudaria, que não voltaria lá, dei mais uma última chance de viver conosco numa boa, mas foi desperdiçada.

Para mim chega! Não aguento mais sofrer, não quero que minha filha passe por isso, que um dia ela entenda e sofra junto comigo ,ainda mais. 
Ele fumou todo nosso dinheiro e eu estou quebrada por causa disso, tive que pedir emprestado para meus pais, para poder comer e me manter até o meu próximo pagamento.

Não tenho culpa se ele um dia teve a idéia imbecil de usar drogas, agora não tenho que sofrer consequências disso a vida inteira do lado dele. 

Eu fiz tudo que eu podia fazer, busquei internamento, tentei conscientiza-lo, pensei que morando junto, tendo um filho, iria adiantar, mas não. Isso já fazem 8 anos:

recai-sofre-interna-melhora-recai-

O problema é que eu me sinto responsável por ele, parece que tem um peso nas minhas costas, pq eu sei q só eu poderia impedi-lo, eu que o erguia sempre. Evitar que se afundasse de vez. Pq sempre que nos separamos, ai sim que ele se entrega de vez.  

Sozinho eu penso que não seja impossível, mas quase. Vai depender da disciplina e força de vontade dele. Não mais de mim!

Me sinto mal pq sei que ele está mal, que não tem o que comer, não tem mais ninguém, está sofrendo, todo arrebentado, se entregando... Se soubesse que ficaria bem, ou se tivesse pelo menos uma mãe que o ajudasse, eu me sentira melhor.

Sinto saudades, de qdo estávamos bem, da presença dele no dia-a-dia, me sinto sozinha no apartamento. Toda vez que eu chego do trabalho sei que não vou o encontrar me dá uma tristeza imensa, a nossa filha pergunta por ele sempre que chegamos em casa. Não pretendo voltar pq tenho medo, mas sinto mta pena dele.



Um comentário:

  1. Fran, passei por tudo isso também. Só que não tive filhos com ele. Não se culpe, vc não pode escolher por ele. O trauma que ficou em mim foi tão grande que fiquei um ano trancada em casa. Sem trabalho, sem amigos, em depressão profunda. Foi um ano em que eu chorei todos os dias mesmo não tendo mais contato com ele. Hoje faço um tratamento em um centro espirita, eh o que está me ajudando a melhorar. Cuide do seu lado espiritual, seja em qual religião escolher. Tristeza, desespero e culpa só atraem mais energias negativas para vc. Se cuide e lembre que para ajudarmos alguém nem sempre devemos estender a mão. Força e um grande beijo

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