Enquanto houver razões eu não vou desistir!

Dia: 16/02/2016 Terça-Feira

Redigindo do rascunho:

'Aqui estou mais uma vez na espera angustiante de que ele chegue aos trapos, depois de ter usado droga o dia todo e fumado todos seus vestes.
Agora são 20:45 hr, estou esperando. desde as 15:30 qdo cheguei no lugar combinado para nosso encontro que não aconteceu, fiquei lá cerca de 2hr em pé na expectativa de ver ele. 
Não tinha como ligar para falar com ele, pois está sem celular. 
Até que tive a idéia de ligar no CAPS onde ele iria para saber se já tinha saído....Foi quando descobri que nem por lá ele apareceu.
Então tive a suspeita de uma recaída... HOJE? 
Será..pensei: Como? Nem dinheiro ele tinha, saiu p ir ao CAPS para pegar um atestado para apresentar na sua perícia marcada para próxima segunda-feira. Não pode ser, deve ter acontecido alguma coisa, um acidente talvez.....?
Tentando me convencer de que minha suspeita de recaída tivesse errada, bom se fosse. Mas não! 

Bem, não imaginava, como TODAS as outras vezes tbm não, tomei uma rasteira de novo.

Sinto agora uma dor, dói a cabeça, dói meu estômago, tontura pq não consigo comer, falta saliva na boca de nervoso, estar assim aflita.

A notícia dele veio as 19:00, qdo ele resolveu ligar para casa da minha mãe, de onde eu tinha acabado de sair para dizer qualquer coisa do tipo: 'Fala p ela que nos desencontramos, mas estou indo para casa!" Sem querer dizer que estava recaído.

Enquanto isso minha filha amada brinca aqui na minha frente, sem ter a menor noção do que está acontecendo. Algumas vezes ela me perguntou, cadê o papai? A resp. é não sei...!

Uma tristeza enorme toma conta do meu ser, já havia uma semana, precisamente 10 dias, da sua última recaída, antes desta eu sofri somente a última que causou nossa separação ano passado em fevereiro. Uma decepção!

Chegou as 23:00 em casa, 1hr depois de ter me ligado avisando, foram 12 horas sumido na ativa. Quando chegou, inconsolável e arrependido pediu mais uma chance para ficar e continuar na luta, assumiu sua fraqueza perante a droga e disse que sem meu auxilio seria praticamente impossível vencer! (coisas que ele sempre diz depois da recaída) 

Eu...Dei mais essa 'última' chance, pela nossa família.

Ao mesmo tempo, me sinto impotente de tomar uma medida drástica.  Não tenho coragem de joga-lo na rua, pq ele não tem para onde ir, uma vez que sua mãe se mudou para um pensionato, já para não ter mais que se incomodar com esse tipo de problema, como meio de fuga. A propósito abriu mão da sua casa própria e de poder receber visitas da sua neta para morar em pensão.'

Estamos até hoje, 16 dias sem mais recaidas! 
Estatisticamente quando ele faz uso da droga, leva algumas semanas e até meses sem voltar a recair, sempre ficamos na esperança de nunca mais! 

A penúltima vez que recaiu em 06/02, no sábado de carnaval, ele estava há 3 meses limpo, mas foi leve, digamos um 'lapso'. Estávamos todos juntos eu, ele e nossa filha assistindo desfile das escolas de samba no centro, quando chegou meu pai e meu irmão. Numa discussão, ele e meu pai se desentenderam e acabei indo embora sem ele. 
Nessa ele ficou, usou e ligou pela manhã pedindo ajuda, para que eu fosse busca-lo. Peguei minha filha, ainda dormindo, coloquei no carro e fui ao seu encontro. 
Eu senti remorso dessa vez. 
Ele estava com um cheiro horrível de mendigo. Nunca o vi assim antes. Deplorável!  

p.s o relacionamento entre ele e meu pai é como de pai e filho, eles são amigos e se gostam bastante. Tanto que no dia seguinte já se viram conversaram e trataram de se entender.

Havia quase 2 meses que tinha saído da clínica de recuperação em 12/12/2015, onde ficou por 1mês e uma semana, desde então estava tudo indo mto bem.

Penso se ter voltado com ele me valeu a pena, se errei em acreditar nele de novo, ter dado mais uma das milhões de últimas chances... Não acreditar em uma nova vida, sem ele. 
Na tentativa de manter minha família que julgo o mais importante de tudo que há no mundo. 

Até onde COMPENSA?

ESCOLHAS...
As dele..
As minhas...
As da mãe dele....
CONSEQUENCIAS!

Meu Deus!
Onde minha vida estava e para onde está indo
Se antes de voltar tinha caminhado um bom pedaço sozinha! 
Tinha total controle, não ficava dependendo dele para dormir, não tinha insegurança, tinha LIBERDADE, independencia e ... solidão! 

Fui bem! 
Superei a fase da falta que ele me fazia, dia após dia, de chegar em casa e ter alguém para conversar, ir ao mercado... Eu continuei minha vida, trabalhando, levando a Julia para escola, cuidava dela, Sozinha! Nem ajuda de custo eu recebia dele.
Supria a minha carência na casa da minha mãe, com meus pais e irmãos, todo fim de semana. 

O ano de 2015 foi marcado para com seus internamentos e recaídas, se afastou do trabalho e passou mais da metade do ano de clinica em clinica, buscando tratamento e recuperação. 

Foi triste a separação e o tempo que passou longe da nossa filha. Mesmo separados eu procurei manter o laço de paternidade, levando ela nas visitas, onde quer que ele estivesse, até pq ela chorava de saudades dele.
Meu coração doeu o dia que deixei ela posar na casa da sua vó paterna, com ele. Foi somente um final de semana, o único dia em que dormi e acordei sem ela, pois seu uso ativo não possibilitou mais. 
Este foi um forte fator para que eu repensasse em nós e decidir reatar, não queria ter de deixar ela posar com ele, por mais que estivesse tranquila com relação aos cuidados que ele tem, sempre foi um pai maravilhoso, mto atencioso e paciente com ela, o problema é a ausência dela do meu lado e pior ter de aceitar outra mulher ao seu lado saindo com nossa filha!

Foram quase 8 meses separados!

Nesse tempo ele teve relacionamento com outra pessoa e eu tbm! Isso ainda gera mágoa no coração, mas quanto a isso superamos! 
Amadurecemos o suficiente para aceitar que ninguém é de ninguém, tanto ele quanto eu podemos encontrar outra pessoa, escolhemos estar juntos. 
Isso não foi suficiente para colocar um ponto final na nossa história, continuamos nos amando, se respeitando...
O que afeta exclusiva e unicamente é o uso da droga! 

Atrapalha o relacionamento, o nosso desenvolvimento, o lado financeiro e psicológico. 

Desde que ele saiu da clinica e voltou para casa, estou mantendo tudo sozinha. 
Recentemente perdi meu emprego e de lá para cá as coisas estão indo de mal a pior!

Estamos passando por um aperto financeiro, meu pai tem ajudado, ainda não falta nada, mas temo!

Ainda enfrentamos a abstinência dele, a pior fase das primeiras semanas que ele fica impaciente, ansioso, nervoso, bipolar e contraditório, estamos brigando muito esses últimos dias, pois além desses temperamentos ele quer me exigir confiança. Do tipo emprestar o meu carro, saiu com dinheiro! 
Fico enfurecida! Me tirando do sério! 
Hoje ainda tive que ouvir que eu fico disputando poder com ele, Sinceramente!! 
Depois de tudo que eu passei, a pessoa me falar uma coisa dessas... 

Essa é uma das piores partes do DQ: A falta de palavra, aceitação da sua condição (que ele mesmo se colocou) e desvio de caráter! 
Ele também não suporta essa colocação, de LIMITAÇÃO e acaba tendo esses transtornos! Resultando em brigas constantes! 

Lembro que quando ele saiu da clínica estava tão bem, calmo, paciente, tinha uma percepção clara das coisas, assumia seus erros e era grato por tudo! Foi uma mudança notável, podia observar suas qualidades que se foram no momento em que voltou a usar droga.

Peço a Deus para que tudo se resolva, que nossa vida melhore! 
Que a gente possa sair desse buraco e isso só vai acontecer se ele parar com uso da substância.

Meu maior sonho? Que ele nunca mais usasse drogas! Que eu pudesse confiar nele novamente.